O Studio Nilau tem todo o prazer de apresentar um novo documentário sobre o «Pateo do Mungo», que se centra numa série de casas chinesas centenárias em risco na área do Centro Histórico de Macau, de que elas nunca poderão fazer parte.
São casas cheias do ian-cheng-mei (em português talvez seja o cheiro de sentimentos humanos). É um «Pateo» onde todos os vizinhos se conheceram, ajudaram uns aos outros, viveram como se tivessem estado num tempo parado, naquela zona chinesa, antiga e simpática. Como um dos bairros mais velhos da cidade, a Há Van, a Praia do Manduco, o seu nome hoje não se encontra em nenhuma lista de património, e mesmo que tenha sofrido tantas mudanças durante anos, preserva-se, felizmente, um cheiro histórico típico dela própria.
O «Pateo do Mungo», que nunca foi conhecido pelo outro mundo, serviria nas lendas de armazéns de sal e lugar de produção do Mungo (feijão-da-china) e serviu na realidade de fábricas de panchões e de doce lar de algumas gerações, cujas boas memórias eu sei que os seus antigos residentes: as tias, os tios, as senhoras e os senhores, ainda guardam muito bem.
O Sr. Lao Sin Hang, Season, realizador deste vídeo e amigo nosso, viveu durante a sua infância naquele pequeno «Pateo», que sentiu não poder deixar cair no esquecimento do tempo, e de que teve e continua a ter tantas saudades até que decidiu pôr em documentário tudo aquilo que lhe tinha interessado e o tinha impressionado.
O senhor «falador», proprietário falecido das casas, guardava com todos os seus esforços essas casas dos avôs e nunca as deixou vender. É essa tradição chinesa que me emocionou muito: as casas agora estão vendidas, quem as tentou salvaguardar na memória, foi mesmo o seu neto, Season.
Enquanto escrevia este pequeno texto, uma notícia de Macau despertou a minha atenção: uma delegação da Academia Chinesa de Belas Artes considera relevante o Pateo do Mungo, que poderia vir a corresponder à Casa do Mandarim. Mas, agora, todo o antigo Pateo do Mungo, todas as casas onde viveram as memórias de todas as caras de que me lembro muito bem, tudo desaparecerá e nada mais voltará.
Lisboa, 30 de Março de 2009
Cheong Kin Man
Membro-Representante do Studio Nilau
2009年3月30日 星期一
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